Nestas horas eu vejo que fui criança. Subi em pés de manga. Caí de pés de manga. Joguei bets, já furei o pé com vidro, já briguei na rua e uma hora depois estava brincando de novo, mas vejo que hoje (nossa, não sou tão velho assim) estas coisas estão cada vez mais difíceis.
A mídia passou a ser o maior abrigo e um dos maiores responsáveis pelo atual estado de coisas. Abrigo pois como não podemos mais sair de casa por causa da violência, e a televisão e a Internet acabam se tornando nosso meio de nos comunicarmos com o mundo - independentemente de sermos crianças ou não - e ela acaba se tornando o espelho que temos do mundo, formando esta mentalidade que temos, que leva à violência, à visão distorcida do outro, dentre outros.
Pois bem, me deixe reformular: porque compramos o que não precisamos? Porque tudo que fazemos acontece por um motivo: queremos ser felizes. Digo felicidade aqui como o ter o prazer pleno. Prazer em soltar pipa, prazer em estar perto de quem a gente gosta (filhos, pais, irmãos, amigos), prazer em não ter nada lhe incomodando.
O homem - a mulher também é um ser em constante busca pela felicidade. Uma pessoa feliz não precisa de mais nada, pois está num estado de pleno prazer.
Poucos de nós somos levados a questionar nossos hábitos. Porque isto nos deixa muito infelizes, ao saber que nem mesmo a ilusão é capaz de nos deixar felizes. Acredito que qualquer um que comece a se questionar muito acaba sentindo uma certa tristeza.
Estará o homem condenado à eterna tristeza? Se compro percebo que não estou feliz. Se não compro e começo a questionar o mundo, percebo uma certa falta de sentido (as divindades normalmente vem preencher parte desta “falta de sentido”), que leva à uma certa tristeza, em boa parte pela sensação de solidão ao perceber que é o único na condição e que todos à volta estão presos no mundo que você já viu que é falho.
Ao mesmo tempo não sabe se esta lucidez realmente existe ou se é a mesma que tinha antes. Quem sabe comprando eu não possa me dopar um pouco ao menos pensar estar feliz? O que é a certeza?
Em tempo, já assistiu o documentário: “Compre-me Eu, vontade de morrer”?