Há uns 20 anos a cocaína chegou para dizimar parte de nossa juventude. Instaurou a guerra pelo domínio das bocas de fumo nas favelas e no asfalto. Famílias desesperadas procuravam ajuda para seus filhos e esposos que perdiam a vida e a saúde no pó branco.
Como se isso não bastasse na entrada do século XXI chega ao Rio de Janeiro o crack. Uma droga avassaladora. Uma droga destruidora. Uma droga que destrói rapidamente o indivíduo e sua família. Uma catástrofe para qualquer sociedade.
E, nós aqui no Brasil, dávamos graças aos céus por não termos em nossas plagas a heroína e a metanfetamina, tão destruidoras e avassaladoras quanto o crack. Mortais.
Quanto a metanfetamina , não se tem notícia de sua chegada ( ainda) por aqui. Já a heroína na década de 80 havia um tráfico incipiente que abastecia artistas e gente da classe A ( pelo seu altíssimo preço no Brasil), sendo inclusive dois integrantes da banda de rock Titãs presos por porte de heroína em SP.
Uma ou outra notícia aqui e ali que havia gente vendendo heroína em Niterói e no Rio de Janeiro, mas nada confirmado, apenas rumores e suposições.
Agora, preparem-se. Os corações podem ficar apertados e os olhos e ouvidos atentos.
As FARCs - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, que já abasteciam o mercado consumidor de drogas brasileiro de cocaína e armas passaram a plantar papoulas, planta da qual se extrai o ópio para a fabricação de heroína nos planaltos colombianos.
Hoje toda a produção de heroína colombiana abastece os EUA através dos cartéis mexicanos e de embarcações que saem da Colômbia para o litoral dos EUA. O DEA e a Guarda Costeira norteamericanas tem intensificado suas ações contra o tráfico da heroína colombiana que já responde por cerca de 20% da heroína que corre nas ruas dos Estados Unidos.
Essas ações das polícias norteamericanas , se são benéficas para os cidadãos deles, podem resultar em um imenso prejuízo para nós brasileiros se medidas urgentes e rígidas não forem tomadas.
As FARCs, em face da ação dos policiais norteamericanos, tende a desviar a rota de sua produção de heroína para passar pelo Brasil, como já passa boa parte de sua cocaína. E como qualquer lugar que serve de rota para o narcotráfico parte da droga que passa fica nos locais que transitam os traficantes e 'mulas'.
A heroína está às nossas portas. A heroína colombiana pode chegar a qualquer momento ao mercado consumidor de drogas do Brasil de forma consistente e com um volume maior.
A heroína é uma droga com altíssimo poder viciante, maior ainda que o crack. Mesmo fumada ou inalada ao invés de injetada tem a mesma capacidade de viciar, dependendo do seu grau de pureza. É uma droga responsável pela maioria das mortes por overdose nos EUA e na Europa e sua falta, para o viciado, causa crises de abstinência, conhecidas como 'cold turkey' ( peru gelado), onde o dependente tem crises convulsivas, dores tremendas e pode chegar à morte se não for socorrido a tempo. A recuperação de um dependente de heroína pode levar anos e ter que haver uma política de redução de danos através do uso da metadona (um opiáceo mais leve e menos danoso).
Espero sinceramente que os governos, em todas as instâncias públicas, no Brasil , principalmente o governo federal, responsável por nossas fronteiras, assim como a Polícia Federal, fiquem muito atentas a esta questão.
Ou então vamos acabar assistindo cenas como as que se assistem hoje nas ruas da Espanha onde usuários de heroína já com as veias dos braços e pernas totalmente esclerosadas injetam a droga diretamente na mucosa dos olhos em plena rua.